Prelúdio

   


Prelúdio

Uma relação de amor não surge ao acaso, em muitas vezes estão ligados à uma vida passada, entre espíritos que se reencontram para desfazer mal entendidos, buscando harmonização, perdão e aprendizado; portanto, às vezes somos ligados a outras pessoas em outas encarnações. 

Se esse reajuste não ocorre devido à separação do casal, por uma amor proibido, por exemplo, isso gera um carma,que segundo o budismo e o hinduísmo, significa ação, resultado direto de decisões que tomamos no passado, provocando que essa situação aconteça em outras vidas até que seja desfeito o mal.

Romeu & Julieta, um clássico de Shakespeare, teria tido como inspiração, um conto de poeta romano Ovídio, Píramo & Tisbe, sobre um jovem plebeu e uma linda princesa, que trata de um amor proibido, entre dois jovens amantes. 

Assim, por um capricho literário, essa trama poderia ter uma de suas tentativas de reajuste nos dias em que vivemos, poderia ser um romance virtual, onde almas gêmeas se reencontram em uma rede social por exemplo. 


E foi isso o que aconteceu entre Sophia, cujo nome tem origem entre os gregos antigos, significando sabedoria, também como a figura feminina para o verbo, definindo sua santidade, a sabedoria divina, uma psicóloga, e Miguel, que tem o nome do arcanjo, um músico de barzinho, que voltam a se rever vinte anos após o fim de um  namoro. 

Eles, Sophia & Miguel, estão vivendo, cada um a seu modo, conflitos internos, sendo que ao serem reaproximados, pelo destino e pela tecnologia, acreditam terem encontrado um no outro, a sua outra metade.

Este conceito, de almas gêmeas, nos teria sido apresentado por Platão, o filósofo grego, o maior de todos os tempos, que fundou a Academia de Atenas, a primeira instituição de ensino superior, do mundo ocidental, o autor de "O mito da caverna", nos faz lembrar que no início dos tempos,
 o filósofo postulou a hipótese, de que antes de sermos seres humanos, como homem e mulher, éramos uma esfera. com quatro braços, quatro pernas, dois rostos, dois troncos e uma única alma. Denominada Barbela.

No entanto, estes seres, devido sua harmonia, deixaram se levar pelo ego, em uma alusão ao que mais tarde o Livro do Gênesis, na Bíblia, e o Alcorão, o livro sagrado dos muçulmanos, denominariam como sendo Adão e Eva e o paraíso perdido.

Enquanto, Adão e Eva, são expulsos do paraíso, ao serem enganados pela serpente, uma alegoria do ego, ao desobedecerem  Deus e comerem o fruto proibido. 

Na mitologia grega, por sia vez, temos Prometeu, aquele que roubou o fogo dos deuses e por isso foi castigado. Estes seres, Barbelas, também desafiaram os deuses, ao se acharem superiores, tendo sido castigados ao serem divididos ao meio.

Assim nasce o conceito de almas gêmeas, segundo a lenda, que a partir desse momento, os seres humanos passaram a procurar a sua outra metade.

Na Cabala, pensamento originado no judaísmo, uma filosofia religiosa, ensinamentos esotéricos que investigam a natureza do universo e do ser humano, também menciona este conceito, de almas gêmeas, sugerindo que quando a alma foi criada, por Deus, também foi concebia outra alma, a gêmea.

Desta forma, tanto Sophia quanto Miguel, têm a impressão que são eles almas gêmeas que se buscam, se procuram , tendo por finalidade, a evolução espiritual.

Mas ainda faltava um toque de mágica nessa narrativa, um truque,  uma pequena trapaça, um ingrediente a mais, que ao ser acrescentado, tornaria-se  algo mais sedutor  para o leitor. Algo fora do comum, que fosse além dos conceitos já aprensentados como almas gêmeas, carma, vidas passadas e um amor  proibido.
Um motivo que pudesse fazer sentido e mover a trama com uma pitada de suspense, criando uma expectativa  maior e fora do lugar comum. Isso poderia acontecer com a magia, um feitiço de amor, que uniria os dois personagens  em uma história de amor.

Assim, aproveitando, pegando carona, nos clássicos da Literatura, como as tragédias de Píramo & Tisbe, de Ovídio, e Romeu & Julieta, de Shakespeare, buscamos outra narrativa, que tem origem em uma lenda celta, o trágico amor de Tristão & Isolda, o elemento que viria a dar título à esta narrativa, uma poção mágica.

Myrdin e Minerva, dentro dessa probabilidade imaginada, de um carma, um amor proibido, que insiste em ser revivido, aparecem como sendo os verdadeiros culpados de toda a confusão que teria se iniciado em Harappa, a primeira civilização da Índia, 3.000 antes de Cristo.

Cabe ressaltar, sobre reencarnações, que os espíritos nem sempre continuam sendo do mesmo gênero, sugerindo uma mudança de sexo, portanto nada impediria que fosse Sophia,  na Idade Média, o feitiçeiro Myrdin, enquanto Miguel Arcanjo, por sua vez, poderia ter sido a bruxa Minerva, que por meio de um feitiço de amor  teria conquistado o amor e Myrdin e o aprisionado em seu coração.

No entanto intervir na vida dos outros, por meio de feitiços, mandingas e encantamentos, pode ter lá suas consequências, gerando assim, um carma,  maior , ou mesmo uma situação ainda mais complicada.  Dizem que o acaso não existe. Por isso, coincidências não ocorrem porventura

 Todavia,  Sophia, a psicóloga, fez uma terapia de vidas passadas, coincidentemente, ao mesmo tempo,  reencontrou, em uma rede social, Miguel, que sempre a teve em seu coração. Mero sincronismo ou puro magnetismo.

Enfim, alguma coisa, fora do comum, talvez sobrenatural, os envolvia, talvez não era, o caso,  almas gêmeas, apenas uma forte atração, poderia até mesmo ser o verdadeiro amor

  
...


Eu não sabia o que estava fazendo, não tinha noção da gravidade, do perigo que havia em me relacionar com uma ilusão, em um primeiro momento, eu juro, pensei em se tratar de um anjo, realmente estava confuso,  a ideia de encontrar alguém me agradava, mas não sabia o que se escondia por trás de um mal entendido, certas coisas que aconteceram, e não foram bem resolvidas, devem ficar mesmo no passado. 

Tinha alguma coisa errada comigo, estava ciente disso, talvez por essa causa, estava sempre caminhando olhando para trás, como se tivesse perdido algo, alguma coisa, como se fosse meu coração, ao invés de, levantar a cabeça e olhar para a frente.Tinha medo de enxergar a vida como era, buscava uma alternativa que não existia, mas ao mesmo tempo insistia em apertar a mesma tecla, mesmo que me causasse dor, como se precisasse me enganar para ser feliz.

Não queria admitir a incompetência de não conquistar a felicidade, não aceitava sequer a hipótese. Era como se fosse um fantasma do passado que voltava a me atormentar, o tempo já havia virado a página, outros livros foram esquecidos na estante, tão pouco lembrava  o título, uma pasta de couro preto que nunca chegou a ser devolvida.

 Ainda tentei reverter a situação, mas já estávamos longe, possivelmente nunca estivemos perto um do outro, cada um estava na sua, palavras trocadas, gestos de carinhos, mas pertencíamos a mundos diferentes. 

Toda vez que algo não dava certo, recorria a lembrança do que poderia ter dado certo,entre nós, mas que não aconteceu. Era uma fuga, um refúgio, talvez pelo simples fato de ser impossível. Aquele sentimento que cheguei a pensar que fosse amor, uma saudade, por saber que não haveria um outra vez.Mas eu estava carente com problemas emocionais e usava essa ilusão como pretexto.

Quem sabe um dia, sonhava, buscava a lembrança, mas era impossível, mesmo assim insistia, tentava uma comunicação telepática, pensava muito, acreditava que poderia trazer de volta o vazio que sentia, ao mesmo tempo não observava o erro que cometia, que se arrastava comigo desde aquele tempo, ou seja, o tempo todo me enganara, não havia sido sincero com as minhas emoções.

Em casa, no trabalho, em redes sociais, digitava seu nome, sabia o nome da faculdade e o curso em que se formou, mas as buscas eram em vão, pensei em contratar um detetive, mas não haviam dados suficientes, mas um dia sem querer, já havia desistido encontrei uma pista, curioso, farejei como um cão perdigueiro, havia se passado muito tempo, mas a reconheci, senti o coração palpitando, arrisquei enviar uma mensagem, não pensei duas vezes, ela respondeu.
  
Preciso te dizer uma coisa, olhos nos olhos ela disse. Eu suspirei, ainda havia uma chance, quem sabe um beijo de amor. Era tudo o que eu mais queria, um final feliz como nos contos de fadas. Minhas preces foram atendidas, cheguei a pensar, envolvido por aquele sonho. Logo, suas palavras vieram de encontro com as minhas. Mas a nossa conversa não poderia ser registrada apesar de todo dia fazermos contato, de chegarmos a confessar que sentíamos falta um do outro, como se fosse possível entrar em uma máquina do tempo pata sermos os namorados que nunca fomos. 

Nem isso, essa realidade, que o tempo havia nos separado, cada um foi para o seu canto, com suas alegrias e tristezas, que cada um construiu uma vida, longe um do outro, que isso seria apenas um detalhe, que isso não fosse um obstáculo, que nos impedisse de nos vermos de novo, mais uma vez. Havia essa disposição, palavras de amor, um querer bem, mas talvez fosse apenas desejo, uma carência afetiva que não acreditávamos ter.

Hoje sei que me enganei e me deixei levar pelo sentimento, queria acreditar que fosse amor, mas depois, nem sequer ousei pensar que fosse apenas capricho, eu queria sonhar, teclar com os anjos depois da meia noite, me deixar apaixonar por uma ilusão. Mas havia uma chama acesa que ardia, o fogo intenso de uma paixão,uma bomba de efeito retardado.

Era perigoso tinha que ser escondido, ninguém poderia saber, ter notícia ou dar recado, aquilo incomodava, pois o sentimento era verdadeiro, a vontade de estar junto. Em nenhum momento parei para pensar refletir no que estaria acontecendo, era melhor deixar fluir, Havia uma atração, uma vontade de beijar de colar os lábios um no outro e simplesmente se esquecer do mundo.

Uma sensação de bem estar, a liberdade, como se fosse um passarinho que esteve em uma gaiola e agora tinha o céu para voar. Mas o relógio marcava a hora de voltar para casa.

Então, nessa hora, não havia mais asas para sustentar o voo, a queda era iminente, mas não era isso, havia outro componente que contradizia as nossas palavras. Por mais doces que fossem, deixava um gosto amargo, porque estávamos sendo egoístas, pois  a gente buscava, no outro, alguém que, de fato, não éramos, buscávamos ser os amantes que por algum motivo não poderíamos ser.

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