"Matinê"
...terminou
tudo por telefone... homeopaticamente, como uma boa psicóloga que era...era tão
suave, um ser celestial, apaixonante, sem dúvida, seu jeitinho, sua meiguice, o
seu carisma haviam me cativado.
Em
"O Pequeno Príncipe" tem uma passagem que diz : "Você é
responsável por tudo aquilo que cativa". Eu estava com raiva, sim,
alimentei esse sentimento, na hora, no calor da violenta emoção, quando ela
disse que tudo , entre nós, havia acabado, que a nossa história teria chegado
ao fim.
Estava
em uma sala escura de cinema, mas não sabia, dormia, devia estar sonhando,
então, sinto uma mão, em meus ombros, então, assustado, abro os olhos.
_ Senhor? ... o filme já acabou...
Era o começo do meu passeio pelo inferno.
Acordei dentro de um pesadelo. " O nosso relacionamento não tem
futuro", ouvia a voz de Sophia dizer assim.
Era
como um chicote ricocheteando em minhas costas.Sentia o golpe, lágrimas de dor,
escorriam e se misturavam ao súor, ao sangue, a tristeza que me violentava, um
corte fundo, o punhal entrava , profundo, em minha alma.
Aquilo
não era possível. Fiquei mudo.
_
Miguel? - Diante o silêncio, ela perguntou.
_
Às vezes, fico decepcionada com você. - Fuzilou. - Estou cansada, sabe?
Ainda
não se havia refeito do susto, mas essas palavras soaram como um soco na boca
do seu estômago. O seu corpo curvou, como se tivesse sentido a porrada.
Doeu.
Lá no fundo do coração. Ficou pequeno, apertado, reduzido, quase sem vida,
parecia um figurante de "the walking dead", mentalmente
desarticulado, psicologicamente abalado, espiritualmente obcecado e
vivenciando, ao vivo, uma cena de um filme de terror.
_
Você está cavando um buraco e caindo nele, você está cavando a sua própria
cova...está se fazendo de vítima...eu também sofri, mas eu superei...
Outra
apunhalada. A violência do ato virou sua cabeça para trás. Tudo aquilo fugia do
script. Maldita. Ela estava improvisando. Não acompanhei sua mudança de estado
de espírito, passou, da cautelosa, posição defensiva, em que se resguardava,
para o ataque com força total.
_
Eu voltei com meu marido.
Só ouvi um barulho. Ensurdecedor. Tudo ficou
escuro. Um apagão. Uma bala destruiu meus miolos. Os miolos mexidos, do idiota
que eu era, explodiram, em câmara lenta, construíram uma imagem que pude
observar.
Depois
a cena se repetiu, rápida, outra vez e de
novo. Mas ainda não havia morrido. E a sensação era pior do que estar morto. Um
vazio. Um sentimento de culpa. Isso era o que matava.
!!!
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