"O Equinócio da Primavera"
Mago Myrdin
"Comprei,
naquela manhã na feira folhas de alecrim, sementes de erva doce, folhas de
gerânio de rosa, alguns trevos, já em casa, de noite, coloquei três medidas de
sopa de mel, em um bulê, que acendi no fogão.
Acrescentei, também, a quantidade
de meia taça de vinho tinto".
Não
tinha muita ideia do que estava fazendo. Era uma poção mágica. Eu sabia o que
era. Ao mesmo tempo, não tinha noção
daquilo que estava fazendo. Não era que eu quisesse fazer uma poção mágica do
amor.
Não,
não era isso, não tinha consciência, mas era evidente que estava preparando uma
poção que pingando um pouco em um suco de fruta ou mesmo uma taça de vinho para
a pessoa por quem quisesse ser amada.
Minerva,
era nome de deusa, mas não era o seu caso,pelo contrário, não era muito de
fazer oração. Tinha o espírito livre , como o de Sharenan, mas era mais
atirada, com certeza, não aceitaria que o pai lhe impusesse um casamento, mas
na atual encarnação, não haveria muito o risco de isso acontecer, afinal era
apenas uma camponesa, pobre, sem muita instrução, morando em uma Europa feudal.
Tinha
sorte que o velho Myrdin tivesse se afeiçoado á ela, talvez por causa de seu
nome, que fazia uma referência à uma deusa; assim poderia obter algum conhecimento,
quem sabe, uma forma de ganhar a vida, um ofício, um sustento, com os
ensinamentos do sábio.
No
entanto, aos poucos, algo dentro dela, começou a instigar o seu espírito,
passou a ficar inquieta. Queria aprender logo a fazer aquilo que Myrdin fazia.
Ele
era um bruxo, todo mundo sabia disso, estava ficando velho, segundo a
tradição,deveria passar seus
conhecimentos para um aprendiz, mas Myrdin não enxergava em Minerva, como sendo
essa pessoa.
A
jovem, que tinha a sensibilidade aguçada, logo percebeu que Myrdin sempre
desconversava quando ela tocava nesse assunto.
Isso
a irritou, então, decidiu adotar outra tática. Iria fazer um feitiço. Uma poção
do amor. Faria com que o velho Myrdin a bebesse e se apaixonasse por ela.
Assim,
ele, o velho, ensinaria-lhe a bruxaria em troca, a camponesa com nome de deusa,
Minerva, ainda bela e formosa, segundo sua ideia desmiolada; administraria, em
Myrdin, doses homeopáticas, a poção número nove, da ilusão do amor.
...
Comentários
Postar um comentário